sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A EDUCAÇÃO NO CONTEXTO ATUAL

Janaína de Jesus Castro Câmara

Vivemos atualmente uma fase de reestruturação no processo de desenvolvimento das sociedades capitalistas. A contemporaneidade é marcada por uma diversidade bastante complexa de questões que envolvem a vida social e o próprio destino humano. Questões relativas à globalização econômica; ao mundo trabalho; ao meio ambiente; as relações culturais entre povos, raças e nações; aos rumos da ciência e da tecnologia... Essa diversidade e complexidade de questões também se refletem no contexto educacional.
Compreender, portanto, o processo histórico no qual se encontra as políticas educacionais torna-se um imperativo para todos os educadores. Uma abordagem político-econômica do contexto educacional atual é necessária para nos situarmos e para que também possamos situar os nossos alunos, o que certamente vai influenciar a nossa inserção, determinando assim, a maneira de conhecer, de pensar e agir dentro da nova ordem político-econômica.
Assim, primeiramente faremos uma abordagem conceitual da modernidade, focalizando e identificando algumas características que marcaram essa época assim como da era pós-moderna, buscando compreender as implicações dessa nova ordem político-econômica no contexto educacional.
Para essa compreensão, não há como fugir do confronto de idéias e concepções aliadas às críticas que provêm entre modernidade e pós-modernidade, o que resulta em interferências no contexto educacional atual.
Da modernidade a pós-modernidade - Na modernidade instala-se a concepção de mundo racionalista através dos ideais iluministas, na qual a crença e as verdades absolutas seriam alcançadas através do método científico, é a era das grandes verdades, dos modelos de ação como solução para o viver humano e seu progresso inexorável, a promessa da emancipação humana. Assim, a razão que foi tão propagada pelos iluministas foi tomada como a única fonte da produção dos saberes, das técnicas, apoiada em critérios de objetividade, de medidas, distanciando-se dos objetos ou dos saberes filosóficos, transcendentais, espirituais, religiosos ou metafísicos. Como observa Pedro Goergen:
As principais características do projeto moderno são a ilimitada confiança na razão, capaz de dominar os princípios naturais em proveito dos homens e a crença numa trajetória humana que, pelo mesmo uso da razão, garantiria à sociedade um futuro melhor. Em outros termos, o projeto moderno, sintetiza-se pela fé na racionalidade e no progresso (GOERGEN, 2001, p. 12-13).
Desse modo, a disseminação exacerbada da razão em todo o processo do pensamento humano seria capaz de gerar a própria emancipação. Isto levou o homem a conhecer e dominar a natureza, para que pudesse dominar a ele próprio, banindo de vez os seus aspectos animalescos da incivilidade e da condução do seu agir pelos sentimentos e paixões. O homem moderno seria assim emancipado de todas as formas de dominação, sejam aquelas advindas da natureza externa, da sua própria natureza corpórea, ou dos preconceitos e desmandos das instituições sociais autoritárias e dogmáticas. A modernidade caracterizou-se como a era da racionalidade, a qual fundamentou não só o conhecimento científico, como as relações sociais, as relações de trabalho, a vida social, a arte, a ética, a moral, o progresso da sociedade.
No entanto, o projeto emancipatório da modernidade começou historicamente a dar sinais contrários ao que fora proposto. A humanidade ao precipitar-se em duas grandes guerras, revoluções, mortes, catástrofe ambiental, dava sinais de que o uso da razão ao invés de emancipar era capaz de oprimir e destruir a partir de princípios da racionalidade científica. Como bem afirma Pedro Goergen “se antes o interesse dessa racionalidade estava voltada para a exploração e domínio da natureza, hoje ela volta-se para o domínio e a manipulação da própria vida, inclusive da vida humana” (GOERGEN, 2001, p. 23). Esses aspectos trágicos foram apontados por alguns pensadores como sendo a crise e o fracasso da modernidade.
A crise da modernidade seria então o fracasso de uma racionalidade linear, cartesiana, que marcou todo o desenvolvimento do conhecimento científico elaborado na modernidade e expressa nos idéias iluministas (instrução e emancipação) e positivistas (ordem e progresso). Nesse sentido, estaríamos vivendo na contemporaneidade a “condição pós-moderna”. No dizer de Lyotard: “Pós-moderno é a incredulidade com relação à metanarrativas” (LYOTARD apud. GOERGEN, 2001, p. 29). Vimos então que é feito uma crítica as metarrativas, ou seja, aos grandes discursos que dão fundamentos para as sociedades modernas, especialmente ao discurso científico. O discurso científico não teria sido capaz de criar um novo centro para o homem, como o fizera o discurso religioso no período medieval.
Portanto, estaríamos vivendo a “era das incertezas”, da fragmentação, do relativismo. Nesse contexto histórico contemporâneo, o processo de globalização econômica e o avanço das novas tecnologias da informação e da comunicação (TICs) passam a desempenhar um papel importante na configuração social, política e cultural. É o que expressa a noção de “sociedade do conhecimento”, onde se passa a exigir dos sujeitos as habilidades e competências necessárias para a inserção nesse novo contexto do mundo do trabalho pós-industrial. Isso nos leva a refletir sobre as implicações da pós-modernidade para a educação.
As implicações pós-modernas no contexto educacional - Em função do processo de globalização as políticas educacionais sofrem influências das agências internacionais que passam a estruturar a educação dentro da lógica de mercado: “a sociedade civil como mercado, altera-se qualquer princípio de igualdade, porque aqui impõem-se a lógica de quem detém maior poder político-econômico (riqueza, poder, saber), mergulhados na lógica da concorrência, sobejamente alicerçada nos princípios do individualismo” (MONTANO apud. SANFELICE, 2003, p. 10). Percebe-se, que essa lógica de mercado é a própria ideologia do neoliberalismo, sendo assim compreende-se que são as leis do mercado que determinam o direcionamento das relações sociais, e neste contexto a educação está inserida. A educação, de acordo com Sanfelice, “não está imune às transformações da base material da sociedade, hoje em processo de globalização e, ao mesmo tempo, não está imune à pós-modernidade cultural que as sinalizam. Pós-modernidade, globalização e educação relacionam-se pela lógica de mercado (SANFELICE, 2003, p. 11).
Essa exigência do mercado mundial faz com que as agências internacionais pensem a educação dentro da lógica econômica global, entendendo que os indivíduos comprometidos com o saber, deveriam dominar várias competências e habilidades ao mesmo tempo, o que transforma a busca do conhecimento como algo prático, rápido, superficial e individual.
Quando se fala dessa política internacional da educação recebemos modelos que vão incorporar os currículos da educação brasileira. A exemplo, temos os quatro pilares da educação (aprender a aprender; aprender a fazer; aprender a ser e aprender a conviver) apresentados pela UNESCO. O mais significativo reflexo desse novo contexto educacional em nosso país passa a ocorrer a partir da década de 1990, quando importantes marcos educacionais são estabelecidos no Brasil: a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Nº. 9394/96); o estabelecimento da Década da Educação; a implantação dos Parâmetros Curriculares Nacionais; as propostas de reforma universitária. Observamos que todas essas iniciativas estão inseridas no contexto das políticas neoliberais iniciadas no governo de Fernando Collor de Mello e consolidadas nos dois governos de Fernando Henrique Cardoso.
A partir do contexto acima descrito é que podemos compreender os desafios lançados para a educação brasileira, onde o aspecto mais relevante será atender às novas exigências do mercado de trabalho globalizado. Nesse sentido, as mudanças curriculares e de formação continuada de professores estarão voltadas para as novas competências e habilidades requeridas no contexto atual da sociedade capitalista.
A educação básica passa a ser considerada central nesse processo de formação cidadã. “Todos pela Educação” será o lema do discurso oficial, refletindo o que propunha a Conferência de Jomtien “Educação para Todos”. Governos, empresas, bancos, meios de comunicação, ONGs... passam a adotar a educação como uma espécie de panacéia para todos os males sociais, por outro lado, responsabilizando em grande parte a escola pública e os profissionais da educação pelo fracasso e a exclusão social.
Percebemos que na modernidade marcada pelos ideais iluministas é a racionalidade através da ciência e da tecnologia que garantiria a emancipação e salvação da civilização mundial. No entanto, não estava previsto que dentro desse projeto de desenvolvimento do homem e da sociedade o uso inadequado da ciência e da tecnologia colocaria a modernidade em descrédito, associando-se a racionalidade científica à racionalidade econômica dos interesses capitalistas.
Então vimos que uma outra visão de mundo faz parte do nosso contexto atual, a pós-modernidade, e como não podemos deixar de perceber, identificamos algumas perplexidades que se colocam na história social, política e econômica atual, as quais interferem diretamente no contexto educacional.
Há que se observar que no contexto pós-moderno algumas temáticas ganharam força na área educacional: o multiculturalismo e o discurso da diversidade cultural e racional; a educação inclusiva nos seus mais variados aspectos; a questão de gênero; as novas tecnologias da informação e da comunicação e a educação à distância; a problemática ecológica e a responsabilidade social. Sendo assim, entende-se que a própria compreensão da educação no contexto pós-moderno requer dos educadores enquanto propósito de inclusão social, o desenvolvimento de competências e habilidades, o que perpassa pelo domínio de vários saberes, e será que nossa realidade educacional está pronta para esta nova exigência.

REFERÊNCIAS
MARCONDES, Danilo. A crise de paradigmas e o surgimento da modernidade. In A crise dos paradigmas e a educação. São Paulo: Cortez, 2007. (p.16 -32).
GOERGEN, Pedro. Da crítica à negação da razão moderna. In Pós-modernidade, ética e educação. Campinas, SP: Autores Associados, 2001. (p. 11-23).
_______________ . O novo contexto “pós-moderno”? In Pós-modernidade, ética e educação. Campinas, SP: Autores Associados, 2001. (p. 25-38).
SANFELICE, José Luís. Pós-modernidade, globalização e educação. In Pós-modernidade, ética e educação. Campinas, SP: Autores Associados, 2001. (p. 3-12).
DUARTE, Newton. As pedagogias do “aprender a aprender” e algumas ilusões da assim chamada sociedade do conhecimento. In Sociedade do conhecimento ou sociedade das ilusões? Campinas, SP: Autores Associados, 2003. (p. 3-16).

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Importância da Comunicação para a Enfermagem

Cynthia Griselda Castro Viégas

A comunicação é tratada por diversos autores como um processo indispensável para a melhoria das experiências do ser humano quer individual, quer em grupo, sobretudo no ambiente de trabalho.
Considerando que os papéis do enfermeiro na equipe da saúde da família: o de educador, o de líder ao coordenar agentes comunitários e auxiliar de enfermagem, o de facilitador ao promover educação permanente de pessoal, ressaltando, também, que o mesmo mantém a comunicação com os demais membros da equipe de forma integradora.
O enfermeiro desempenha além das suas funções assistenciais e educativas perante a comunidade que atua, assume habitualmente as funções administrativas dentro da Unidade Saúde da Família, onde é fundamental planejar, executar, avaliar e participar com os demais membros da equipe de saúde, no processo saúde doença. Para que essas atividades sejam desempenhadas de forma satisfatória é imprescindível desenvolver a habilidade do saber comunicar-se.
Com a curiosidade de investigar as discussões e reflexões sobre a comunicação como fator e/ou ferramenta que possibilita ao profissional enfermeiro desempenhar suas atividades, acreditando que a habilidade de comunicação deve ser explorada em sua plenitude na vida cotidiana para que haja sucesso nas relações, o tema em discussão favorece ao enfermeiro que atua na estratégia saúde da família, a melhoria da habilidade no processo comunicativo com a equipe, proporcionando também a equipe, interesse pela temática objetivando a obtenção de melhores resultados na abordagem com o cliente e nas atividades realizadas na comunidade.
A enfermagem é uma profissão que tem uma ampla atuação, ambulatorial, hospitalar, comunitária e ainda gerencial administrativo, integrando a sua equipe de trabalho outros profissionais, o que requer o exercício de uma comunicação, como elemento fundamental para o desenvolvimento das atividades diárias de maneira eficaz.
Na tentativa de garantir o alcance da produtividade, das metas e objetivos propostos, a prática de enfermagem cotidiana exige do enfermeiro um bom preparo, se tratando de comunicação inter pessoal.
Tendo em vista o que afirma Majello (1963, p. 46), que “saber comunicar significa saber exprimir-se. Saber exprimir-se significa fazer-se compreender, para fazer compreender é necessário suscitar interesse em que escuta as nossas palavras”.

Estratégias a serem utilizadas pelo enfermeiro no processo comunicativo
A enfermagem envolve diversas categorias, em geral necessita trabalhar em equipe, e é responsabilidade do líder a criação de uma equipe para atingir as metas da instituição.A comunicação é fundamental para uma liderança bem sucedida. O enfermeiro precisa compreender as individualidades dos colaboradores de sua equipe e, sobretudo saber ouvir, implementando uma comunicação aberta, franca, natural e eficaz eliminando assim as barreiras e facilitando o fluxo do processo comunicativo.
Algumas estratégias podem ser utilizadas conforme cada caso, a exemplo das dinâmicas de grupos com foco na construção grupal, nas vivências situacionais de liderança, no exercício da comunicação, no estimular a participação de cada colaborador, nas reuniões e na coleta de sugestões para melhoria e solução de problemas.
Uma ferramenta interessante e atraente é a utilização de filmes que contenham situações equivalentes às questões em pauta. Assisti-los e levantar pontos chaves neles encontrados, faz refletir e ponderar acerca de si mesmo. Uma roda de discussão com propósito sério em resolver os seus problemas pode ser de vital importância.

Para que o processo de comunicação ocorra adequadamente, torna-se necessário:

Exercitar de forma positiva a comunicação verbal

 Perguntar – consiste em explorar a situação mediante a troca de informações;
 Escutar – consiste em captar as mensagens verbais de outra pessoa e reter na memória os pontos mais importantes de seu relato, dando o tempo necessário para que a pessoa termina de formular sua idéia;
 Responder – consiste em desenvolver os pontos mais importantes da fala de maneira resumida e organizada
 avaliar as reações do receptor;
 pedir opinião;
 revelar alguns de seus aspectos negativos , na abordagem de um assunto conflituoso,refira também alguma dificuldade e problema que enfrentou;
 ser informal, usando palavras simples que facilite ser compreendido;
 elogiar com sinceridade e objetividade;
 refletir sobre críticas recebidas,evitando ignorá-las

Exercitar de forma positiva a comunicação não verbal
 Observar, ver o outro sua aparência, gestos, movimentos, expressão facial, ritmo respiratório, postura, como estabelece interação com as outras pessoas;
 desenvolver uma expressão condizente com a mensagem;
 ter tom de voz e gestos adequados .
 olhar nos olhos;

O enfermeiro que pretende ter um ambiente harmônico na sua equipe deve atentar para:

 Certificar-se se o que foi entendido, era o que deveria ser;
 adotar postura agradável quando transmitir ou receber as mensagens;
 aceitar o direito do outro em ter opinião própria;
 esclarecer sobre os problemas;
 relatar comportamentos observáveis, sem generalizações,rótulos ou julgamentos;
 descrever seus sentimentos verbalmente;
 aprender a conversar com “você mesmo” – busque o auto conhecimento;
 chamar os outros pelo nome, torna-se agradável e sugere respeito;
 se necessário,melhora o conteúdo da informação transmitida,usando variados e mais eficazes meios de comunicação;
 estimular o interesse com novos estímulos;
 ouvir e avaliar novamente as reações do interlocutor;
 ser conciso e ter clareza no que expressa;
 informar com sinceridade e simplicidade.

Referências
ANTUNES, Artur Veloso; SANT’ ANNA, Ligia Rodrigues; PEREIRA, Maria Elizabeth Roza. A ação gerencial do enfermeiro: situação ideal x realidade. Nursing, São Paulo, v. 4. nº35, p.16-23 abr. 2001. edição brasileira
MAJELO, Carlo. A arte de comunicar. Pórtico. Lisboa. 1963.
MARQUIS, Bessie., HUSTON, Carol J. Trad. Regina Machado Garcez e Eduardo Schaan. Administração e Liderança em Enfermagem: teoria e aplicação. Porto Alegre: Artes médicas Sul. 2001. p. 557.

A Humanização e a Enfermagem

Mónica Andréa Miranda Aragão

No dia-a-dia assistencial o profissional de saúde se depara com diversas pessoas que possuem características próprias, problemas, medos, anseios e uma individualidade singular, e muitas vezes atendemos a esse cliente com eficiência técnica de forma automática, esquecendo que este “ser” detém a sua história, o seu contexto social, universo cultural e que vive um determinado momento, seja ele de superação ou de dificuldades.
A abordagem sobre a humanização nos leva a uma reflexão do nosso cotidiano, principalmente, ao profissional de enfermagem que na sua essência está a serviço do indivíduo, da família e da comunidade na busca de soluções compartilhadas para a melhoria de sua qualidade de vida.
Como podemos entender, humanização é o ato de humanizar, que consiste em tornar humano, isto é, canalizar as capacidades humanas no sentido de distribuir integral e igualitariamente à humanidade, um conjunto de benefícios e resultados considerados pré-condições da condição humana.
E para a garantia da qualidade nos serviços de saúde, se faz necessário um processo de reflexão em todos os profissionais envolvidos no processo de cuidar, não simplesmente na busca pela cura de doenças, mas centrada no indivíduo, o qual necessita de cuidados. Devemos reconhecer que procedimentos técnicos e equipamentos de alta tecnologia já não são suficientes para satisfazer o paciente e suas demandas, devendo haver carinho, atenção, respeito à sua individualidade, e compromisso com a sua saúde e todas as demais questões que o permeiam.
Diante do crítico cenário que encontramos a saúde de nossa população carente de compromisso e seriedade, convém aqui resgatar a responsabilidade que nós, enquanto profissionais de saúde detentores de algum “conhecimento”, proporcionarmos aos nossos clientes satisfação com o nosso acolhimento, garantindo melhoria de vida, através de um atendimento humanizado e qualificado.
Cabe, portanto, questionar como promover a conscientização de uma classe, responsável pelo cuidado com a saúde, como é a Enfermagem, resultando em uma prática de atenção através da qualidade de vida em níveis aceitáveis à população?
Segundo MERHY, (1999, p. 104) “os usuários de modo geral não reclamam de falta de conhecimento tecnológico no seu atendimento, mas sim da falta de interesse e de responsabilização dos serviços sentindo-se, assim, inseguros, desinformados, desamparados, desprotegidos, desrespeitados e desprezados”.
Podemos, então, observar que precisamos ir além, notar que a resolutividade dos problemas de saúde que cercam os nossos usuários passam pela necessidade da responsabilidade, do acolhimento, da humanização, do olhar com cuidado de todos os profissionais da área da saúde.
“Muitas vezes a saúde, a cura, a prevenção, dependente de tantos fatores, não estarão em nossas mãos, porém o acolhimento e o cuidado – estes sim, sempre possíveis – mesmo que não possam curar a patologia, poderão antes de tudo ‘curar’ a desumanidade, uma doença que está matando a todos”. (SMS, 2002, p. 53).
A base para a compreensão da humanização está no reconhecimento da complexidade do ser humano, incluindo sua dimensão racional, objetiva e prática, bem como sua subjetividade, intuição, emoção e sentimento.
“É preciso deixar de avaliar os serviços de saúde apenas quantitativamente: equipamentos; paciente-dia; porcentagem de ocupação; consultas realizadas; quantidade de profissionais e coisas do gênero, e começar a avaliá-los qualitativamente: saúde “produzida”; educação dada; satisfação garantida; sofrimento evitado; erros prevenidos e decisões acertadas”. (MEZOMO, 2001).
Romper com as práticas e posturas historicamente legitimadas é um dos principiais desafios da Humanização e da Enfermagem. Praticar a Humanização enquanto um processo estruturante no âmbito dos serviços de saúde pressupõe mudanças amplas e profundas que começam internamente na consciência de cada enfermeiro, estendendo-se a uma reorganização de todos os processos de trabalho e estrutura dos serviços de saúde.
Uma cultura de Humanização pressupõe a ruptura com os modelos mentais instituídos, pautados no distanciamento, formalização e burocratização das relações entre as pessoas no âmbito dos serviços de saúde. Significa exercitar e privilegiar as relações e interações entre as pessoas através da desconstrução da cultura reinante nos serviços de saúde, modificando de forma profunda o pensar e o fazer no âmbito desses serviços.

BILBLIOGRAFIA
BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.
MERHY, E. E. Um ensaio sobre o médico e suas valises tecnológicas: contribuições para compreender as reestruturações produtivas do setor saúde. DMPS/FCM/UNICAMP, Nov, 1999. 9p. (mimeo)
MEZOMO, João Catarin. Gestão da qualidade na saúde. São Paulo: Ed. Manole, 2001. 301p.
SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Saúde. Acolhimento: o pensar, o fazer, o viver. São Paulo, 2002. 128 p.